Setembro Amarelo | A culpa não é sua
- por Nayara Alves
- 30 de set. de 2016
- 2 min de leitura

Toda perda gera uma dor inexplicável, mas a perda pela “opção” da própria pessoa é ainda mais dolorosa. Provavelmente, quando você recebeu a notícia do suicídio, as atitudes, como por exemplo, o isolamento e alterações repentinas no humor e falas como “quero dormir pra sempre”, “quero sumir”, dessa pessoa começaram a fazer sentido. Você se deu conta de que sim essa pessoa deixou vários rastros. Questionamentos como: “por que não percebi isso antes?” começam a assombrar sua mente junto com uma pesada carga de culpa.
Você se culpa por não ter dado atenção às reclamações, aos comentários, às atitudes. Você se culpa porque em vários momentos disse a essa pessoa: “Para com isso! É frescura.”. E se essa pessoa em algum momento disse a você que iria procurar um psicólogo ou psiquiatra, a sua resposta foi: “Isso é coisa de louco! Vá arrumar mais atividades para ocupar o seu tempo". E agora, além de lidar com a perda de alguém muito querido, você precisa lidar com a culpa por não ter percebido antes. Mas, A CULPA NÃO É SUA.
Você não tinha informações sobre os sintomas de um transtorno de ansiedade, depressão, síndrome do pânico, transtorno bipolar, etc. Você não tinha ideia de que esses nomes não são “frescuras” e sim DOENÇAS. Você não tinha ideia de que procurar psicólogo e psiquiatra NÃO É COISA DE LOUCO. Você não tinha ideia de que a mente e as emoções adoecem, assim como nosso corpo. Você não tinha ideia de nada! Absolutamente nada! Como, então, se culpar por algo que você não tinha consciência?
O período de luto é inevitável, provavelmente você demore um longo tempo para compreender a extensão de tudo o que aconteceu e, mesmo depois de compreender, por algum motivo, você não consegue se livrar da culpa que NÃO É SUA.
Em algum momento você pensou que pode estar preso à isso e, por não conseguir superar esse trauma, pode estar adoecendo dia após dia? Já passou pela sua cabeça que, depois desse episódio, você ou alguém próximo da pessoa querida pode estar desenvolvendo algum quadro depressivo? E mesmo hoje você sabendo que isso pode ser doença, você vai continuar pensando que é “frescura” ou luto “normal”?
Não fique com esse sofrimento escondido dentro de você. Procure ajuda para superar esse trauma. Supere, conviva, desfaça do sofrimento e fique com a saudade e com a possibilidade de compartilhar experiências para auxiliar outras pessoas que passam por essas mesmas dificuldades.
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